GRAU 4

GRAU 4 
MESTRE SECRETO



         
Lembraremos os Irmãos, como também os profanos que, um estudo maçônico aberto ao público em geral deverá conter “apenas” informações gerais, que sejam apresentadas em livros básicos de história, filosofia e simbologia maçônica. Reservamos aos membros da Ordem todo e qualquer ensinamento que seja de conhecimento “exclusivo” do maçom, apresentado em Loja, no momento adequado.

Assim, tudo o que aqui escrevemos estará de acordo com o devido sigilo maçônico, e objetivará um único fim, o aprimoramento moral e intelectual de todos aqueles que queiram beber desta fonte radiante de Luz, nossa Sublime Ordem Maçônica.

A CÂMARA SECRETA:  

O local onde se efetuam os trabalhos ritualísticos do Grau 4 é conhecido como "Câmara Secreta". Trata-se uma Sala que representa, com objetos e símbolos, o Tabernáculo, local de adoração do Deus Único dos Hebreus.



Segundo as descrições bíblicas, após Moisés receber as "Tábuas da Lei" no Monte Horeb, no Sinai, o próprio Deus lhe definiu os parâmetros para a construção de uma "tenda portátil", conhecida como Tabernáculo, onde deveriam estar dispostos os objetos da adoração do Deus Único. 



Sendo de fácil montagem, toda vez que as tribos de Israel se movimentavam, a caminho de Canaã, a tenda era desmontada e conduzida juntamente com os mesmos.

SÍMBOLOS DA CÂMARA SECRETA:

A Câmara Secreta deverá ser dividida em duas partes, separadas por uma Balaustrada, que comunica, através de uma abertura central, ambos os lados. Suas paredes devem ser pintadas ou revestidas com cortinas de cor preta, salpicadas por lágrimas brancas ou prateadas. Trata-se de uma simbologia referente ao luto no qual a Câmara se encontra durante os trabalhos. Devemos lembrar que a Câmara Secreta é uma continuação simbólica da Câmara do Meio do Grau 3.

A Câmara será iluminada por nove velas (ou lâmpadas), agrupadas em três candelabros de três velas (lâmpadas) cada, sendo: o Primeiro Candelabro no Altar do Poderosíssimo; o Segundo Candelabro no Altar do Primeiro Vigilante e o Terceiro Candelabro no Altar dos Juramentos. Poderão se utilizar tantas outras lâmpadas quanto forem necessárias.

Em cada parede da Câmara encontram-se quatro colunas brancas, totalizando dezesseis colunas simetricamente dispostas. Devido às adaptação das Lojas de Perfeição em Lojas Simbólicas, poderemos encontrar um número maior de colunas.

Na parte Oriental da Câmara, uma plataforma de três degraus, sobre a qual se verifica uma pequena mesa triangular que contém: dois cetros, um candelabro de três velas e uma Espada Flamejante. Também serão vistos dois Tronos, um do Poderosíssimo Mestre, que representa Salomão, e outro do Rei de Tiro, Hirão (Hiram). E no Oriente, sobre o Trono do Poderosíssimo Mestre, o Painel do Grau. O Estandarte da Loja e do Supremo Conselho ficarão ao fundo.

Outros seis tronos compõem a Câmara Secreta: dois no Oriente, o do Secretário (Joaben) à direita do Poderosíssimo e a do Tesoureiro (Jabulum) à esquerda do mesmo. Quatro no Ocidente: sendo dois logo à entrada do Templo, o do Primero Vigilante (Adonhiram) ao Norte e do Segundo Vigilante (Moabom) ao Sul, e dois próximos à Balaustrada, o do Orador (Abdamon) ao Norte, e do Chanceler ao Sul. Todos estes Altares deverão apresentar a forma triangular, estando cobertos por um pano preto com lágrimas em cor prata ou branca salpicados.
        

Falaremos agora sobre os objetos que decoram a 
Câmara Secreta e o seu significado simbólico:

MENORAH:

Antigos historiadores relacionavam o Memorah aos sete planetas conhecido da época, sendo o Sol a luz central. Sabemos que esta visão não corresponde à realidade astronômica do nosso sistema solar, porém, torna-se interessante dentro de um contexto histórico. Em Graus superiores, ainda associam-se os setes braços com os Eloins, ou Anjos, que ocupariam os sete planetas. Devemos lembrar que, na antiguidade, o Sol e Lua eram considerados corpos planetários.

O Cristianismo primitivo relacionava o Memorah com o Cristo, a “Luz do Mundo’, como uma peça decorativa de elevada representação simbólica, principalmente dentre do mundo maçônico, onde o número sete é tão rico em interpretações.

Também lhe foi atribuído um sentido mais elevado, referindo-se “as sete virtudes, as sete artes e os sete dons do Espírito Santo: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Juízo, Fortaleza, Ciência e Temor a Deus (Compreensão da Lei). Estas Sete Luzes Filosóficas deveriam iluminar e completar, no Mestre Secreto, a Fé, a Esperança e o Amor.

Deve ficar com suas faces voltadas para a Arca da Aliança e para a Mesa dos Pães Propiciais, com sua luz, obliquamente, iluminando ambos.


O Memorah é um símbolo da “Luz”, que Ilumina o Iniciado, demonstrando-lhe o pacto que irá assumir com a Lei Maior, a consciência, o Sancto Sanctorium.

URNA DE MANÁ:

Quando os Hebreus peregrinavam pelo deserto, foram submetidos à duras provas, dentre elas, a fome. Diz a Bíblia que, em dado momento, estando o povo faminto e desesperado, Deus diz a Moisés que colhesse o Maná que crescia junto ao orvalho da manhã, oferecendo-o como alimento ao seu povo. Assim fez o patriarca, saciando a fome de tantos, passando esta planta representar a força deste povo, sob a vontade de Deus.

Moisés teria ordenado que se colhesse uma pequena porção desta gramínea e que a mesma fosse colocada no interior de uma urna, a “Urna de Maná”, sendo exposta ao lado da Arca da Aliança, no Tabernáculo, como lembrança dos momentos pelos quais passaram a caminho de Canaã. 

A Urna de Maná deve ser interpretada como um símbolo de refazimento, demonstrando que devemos buscar forças nos menores elementos da vida, persistindo nos momentos de dificuldade extrema. É um símbolo da determinação, da disciplina e da força de vontade.

VARA DE AARÃO:

Podemos ver nitidamente o poder de Deus manifesto através da Vara de Aarão. Lembremos que Aarão era irmão mais velho de Moises, primogênito de Amrão e Jocabed e, apesar de Moises ser o responsável pela condução dos Filhos de Israel para fora dos domínios egípcios, seu irmão, Aarão, desempenhou papel fundamental ao convencer o Faraó da importância de libertar seu povo. Para tal, operou milagres manipulando sua Vara, como nos episódios das serpentes, da transformação das águas do rio em sangue e das pragas das rãs e dos mosquitos. Também veremos a Vara ser empunhada para elevar as águas do Mar Vermelho em benefício dos Hebreus. Por ordenação Divina, esta Vara florescer em demonstração de sua liderança, sendo exibida junto à Arca da Aliança.


O Mestre Secreto deve reconhecer na Vara de Aarão um símbolo do Poder de Deus, 
manifesto na matéria, através da ação humana.

MESA DOS PÃES PROPICIAIS:

Segundo a Bíblia, em Êxodos, o Deus de Abraão indica a Moises as dimensões e os materiais com os quais deveria confeccionar uma mesa, para nela serem postos os pães da preposição, ou apresentação, que serviriam de oferenda como símbolo do pacto firmado entre o povo hebreu e o Criador, representando as doze tribos de Israel.

Trata-se de uma mesa dourada (de ouro), retangular, com aproximadamente 90 cm de comprimento (dois côvados) por 45 cm de largura (um côvado), e 67 cm de altura (um côvado e meio). Continha dois varais sustentados por argolas, um em cada lado da mesa. Localizava-se próximo à entrada do recinto mais sagrado do Templo, o Sancto Sanctorum. Sobre esta pequena mesa, estariam dispostos doze pães, em tigelas douradas (também de ouro). Cada um destes pães seriam “apresentados” à Deus, daí o termo “Pães da Preposição ou da Apresentação”. A que tudo indica, seriam pães ázimos, ou seja, preparados sem fermento, como os oferecidos durante as comemorações festivas da páscoa, momento histórico no qual se fundamenta o símbolo.

O historiador judeu-romano Flávio Josefo nos apresenta uma explicação mística para os doze pães, atribuindo-lhes uma relação com os doze signos do zodíaco e os doze meses do ano. Esta foi a visão de muitas correntes filosóficas e estudos maçonicos.

Este pensamento maçônico está ilustrado na obra de Magister, “Manual del Gran Elegido”, onde se lê: “os doze pães de preposição que as doze tribos oferecem ao Altíssimo constituem um referência mais direta aos doze signos zodiacais, na ordem em que usualmente lhe é reconhecida; as doze divisões cíclicas do Ritmo Cósmico e Terrestre da Vida, e ao mesmo tempo, os doze setores que diferenciam radialmente todo campo energético vital


ALTAR DOS INCENSOS (PERFUMES):

O Deus de Moisés também lhe ordenou que construísse um Altar para queima de incenso, fornecendo-lhe todas as orientações ornamentais. Seria um mesa quadrangular, revestida de ouro em todos os seus lados, contendo varais em seus lados para sustentá-la e sobre a mesma haveria de ser queimado incenso em prol das gerações que se seguirão.

A queima de incenso era muito comum nos antigos templos. Estava vinculado ao elemento físico do aroma que purificava os ambientes fechados, como também apresentava uma conotação mística, constituindo um ambiente de meditação. Trata-se de um artifício útil para os momentos de oração, onde se elevava os pensamentos ao Criador.

Nas fumigações maçônicas, devem-se queimar uma mistura que contenha: uma porção de Olíbano (Oleum Libani), duas porções de Mirra e uma porção de Benjoim. Estas três ervas estariam associadas aos mundos divino, humano e espiritual. 

Pode-se dizer que o Altar dos Incensos deva ser capaz de levar à consciência à meditação, à uma prece interior, buscando purificar o ambiente das energias desequilibradas, ao mesmo tempo que propicia uma psicosfera de refazimento.

ALTAR DOS JURAMENTOS:

O Altar dos Juramentos localiza-se entre a Balaustrada e o Altar dos Sacrifícios. Apresenta uma forma triangular, com o ápice voltado para o Sancto Sanctorum, coberto por um tecido de cor negra com lágrimas branca ou prata, colocando-se sobre o mesmo os seguintes objetos: L.´.L.´., que deverá ser escolhido pela maioria dos Irmãos, podendo ser a Bíblia (Cristãos), o Alcorão (Muçulmanos), Torá (Judeus), Bagavadguitá (Hinduísmo), Zend Avesta (Zoroastrismo) etc, um candelabro de três luzes, um espada nua, um exemplar do Estatuto Geral do Supremo Conselho e um exemplar das Grandes Constituições do Rito Escocês Antigo e Aceito.


ALTAR DOS SACRIFÍCIOS:

O Altar dos Sacrifícios localiza-se no centro da Câmara Secreta. Apresenta uma forma retangular, coberto por tecido em cor negra com lágrimas branca ou prata, colocando-se sobre o mesmo: timbre da Loja; chave de marfim com a Letra Z, avental e faixa de Mestre Secreto, luvas brancas com costuras negras, o Pentateuco e uma coroa de louro e oliveira.


DELTA LUMINOSO:

O Delta Luminoso encerra profundos ensinamentos simbólicos, e merece um estudo em separado. Porém, em uma apresentação geral, poderíamos assim defini-lo: 

1 - CÍRCULO: trata-se de um dos elementos simbólicos mais antigos. Para nós, maçons, trata-se de um elemento associado ao “Infinito”, o infinitamente pequeno e o infinitamente grande, ao Universo, como também o elemento de união do espírito com a matéria, pois a vida pode ser expressa em círculos, nos vários domínios da consciência;


2 - TRIÂNGULO: representação geométrica do “Ternário Divino”, onde o Princípio Espiritual (Triângulo) encontra-se no interior do Universo (Círculo);

3 - PENTAGRAMA: na antiguidade, o Pentagrama fora muitas vezes esteve associado à divindades, sendo mesmo relacionado ao Cristo, pois suas cinco pontas corresponderiam às cinco chagas de Jesus. Para os Pitagóricos, tratava-se do Pentagramaton, ou Tríplice Triângulo Cruzado, representando a Sabedoria e o Conhecimento. A ciência hermética e alquímica o relacionava aos cinco elementos da natureza, o Ar, a Terra, o Fogo, a Água e o Akasha, ou Éter. Na escola mística e gnóstica, foi denominado Pentalfa, símbolo do microcosmo, sendo suas cinco pontas uma representação dos quatro membros do homem e da cabeça. Será reconhecido como a Estrela Flamejante quando envolto por labaredas;

4 - IOD: um dos símbolos mais expressivos da maçonaria, possui sua origem em elemen-tos retirados das escolas ocultistas. O IOD é a décima letra do alfabeto hebraico, e possui um sentido esotérico de “Princípio Universal”. Pode ser representado como uma “Vírgula” ou um “Ponto”, e para nós, deve se associar ao Princípio Criador, Deus;

5 - PONTO: pode representar o próprio IOD, a Unidade Formadora, porém, em associação ao Círculo, simboliza o Princípio Criador;

6 - COROAS: relacionam ao Rei de Tiro, Hirão, e a Salomão.


ARCA DA ALIANÇA:

Segundo o livro do Êxodo, a montagem da Arca foi orientada por Moisés, que por instruções divinas indicou seu tamanho e forma. Nela foram guardadas as duas Tábuas da Lei; a Vara de Aarão; e o Vaso do Maná, que simbolizavam a aliança de Deus com o povo de Israel. A Bíblia descreve a Arca como uma caixa de madeira de acácia, com dois côvados e meio de comprimento (111 cm), e um côvado e meio de largura e altura (66,6 cm), coberta de ouro por dentro e por fora, com uma bordadura de ouro ao redor, tendo um varão de madeira de acácia revestido em ouro em suas laterias, fixados à arca por argolas de também de ouro, que serviam para transportar a Arca.

Sobre a tampa, chamada Propiciatório "o Kapporeth", foi esculpida uma peça em ouro, formada por dois querubins ajoelhados de frente um para o outro, cujas asas esticadas para frente tocavam-se na extremidade, formando um arco, de modo defensor e protetor. Eles se curvavam em direção à tampa em atitude de adoração. Acreditava-se que Deus se fazia presente entre os dois Querubins, uma presença misteriosa que os Judeus chamavam Shekinah.

A Arca fazia parte do conjunto do Tabernáculo, com outras tantas especificações. Ela ficaria repousada sobre um altar, também de madeira, coberto de ouro, com uma coroa de ouro ao lado. Somente os sacerdotes poderiam transportar ou tocar na Arca, e apenas o sumo-sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação, quando a Luz de Shekiná se manifestava, podia entrar no Santíssimo do templo. Acreditava-se que se ele estivesse em pecado, morreria instantaneamente.

No início do reinado de Davi o rei ordenou que a Arca fosse transportada para Jerusalém, onde ficaria guardada em uma tenda permanente no distrito chamado Cidade de Davi. Com o passar do tempo, Davi tomou consciência de que a Arca, símbolo da presença de Deus na Terra, habitava numa tenda, enquanto ele mesmo vivia em um palácio. Então começou a planejar e esquematizar a construção de um grande Templo. Entretanto, esta obra passou às mãos de seu filho Salomão. 


TÁBUAS DA LEI:

Os Dez Mandamentos foram entregues no Monte Sinai ao povo hebreu, por Deus, através de Moisés. De acordo com a Bíblia, os Mandamentos escritos em duas tábuas da Lei, escritas pelo dedo do próprio Deus, sendo que as demais leis foram ditadas e escritos em pergaminhos por Moisés, e ambos falados diretamente ao povo. 

Algumas igrejas ordenam a sua completa observância. Outros enfatizam a importância de seguir seus princípios, pois creem que Cristo resumiu todos os mandamentos no amor a Deus e ao próximo. Jesus interpreta a Lei do Amor da seguinte maneira: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento." ~ "E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Estes mandamentos, que "enuncia deveres do homem para com Deus e para com o próximo", dão a conhecer vontade divina.
                                             
 PARAMENTOS DO GRAU 4:

O Avental do Grau 4 deve ser confeccionado atendendo as dimensões pré-estabelecidas de 35 x 45 cm, de preferência em pele de cordeiro, de cor branca, ornado de preto. A abeta deverá ser de cor azul, assim como a faixa, ambos ornados de preto.

Sobre as cores dos paramentos, o branco e o preto representam a dualidade do Universo, o bem e o mal, a luz do Santuário e a escuridão do sepulcro, a verdade e o erro, mas, acima de tudo, o preto deve lembrar ao iniciado o estado de luto em que se encontra a Câmara Secreta, que é uma extensão da Câmara do Meio do Terceiro Grau Simbólico. O azul simboliza a cor do firmamento.

Na abeta, será bordado ou pintado um "Olho" humano com a iris azul, tendo um radiante em torno do mesmo. Este é conhecido como "Olho Onividente". No centro do Avental, um ramo de Louro e outro de Oliveira formam uma coroa aberta, em que seus caules se cruzam centralmente sob a "Letra Z", pintada ou bordada em cor negra.  Por último, encontramos a "Chave de Marfim, contendo a letra Z em sua ponta, a jóia do Grau, suspensa na Faixa a tira-colo (disposta da direita para a esquerda).

OLHO ONIVIDENTE:

Talvez, de todos os símbolos associados à divindades, o "Olho" seja aquele que mais fascina a criatividade humana. Devido à este fascínio, muitas foram as conjecturações a cerca do seu real sentido simbólico. Os maçons o considera um símbolo associado ao G.'.A.'.D.'.U.'., Onipresente e Onividente, associado também ao Sol, assim como à Luz Criadora emanada do Astro Rei.


Para um Mestre Secreto, o "Olho Onividente" em seu Avental deve lembrá-lo que, em todos os momentos da vida, em seu Templo Interior, sempre haverá a presença da Grande Luz, que é Deus, a tudo observando, sem julgá-lo, apenas Iluminando. 

RAMO DE LOURO E OLIVEIRA:

Em um momento muito especial da ritualística do Grau 4, coloca-se sobre a cabeça do Iniciado uma Coroa de Louro e Oliveira. Trata-se de um ato simbólico de suma importância na cadencia de eventos da cerimônia. Diz-se para o candidato: "uma coroa de louros, tinha na antiguidade, o significado de prêmio e, por conseguinte, de Vitória".


Na Roma Antiga, os generais vitoriosos eram agraciados com uma coroa de louros feitos dos campos de batalha. A coroa de louros sempre esteve associada ao triunfo, à vitória, assim como à exaltação do deus Apolo, o deus da luz. Também fora associada pelos alquimistas como elemento curativo, denominada Panaceia Universal. Por isso, observamos nas estátuas de Esculápio, deus da saúde e da inteligência, um laurel em sua fronte. A oliveira está associada à felicidade, a paz, a caridade, a abundância, assim como à ressurreição e a imortalidade da alma.

CHAVE DE MARFIM:

O simbolismo da "Chave" como um elemento do silêncio remonta à antiguidade, aos antigos "Mistérios de Elêusis", quando o Iniciado era apresentado à uma "Chave" que, colocada em sua boca, deveria lembrá-lo do imperativo de se guardar segredo sobre tudo o que ali se passava. A chave representou, como ainda representa, um símbolo do poder. Observamos este símbolo associado ao papado, onde duas chaves cruzadas representam o poder temporal e espiritual do Patriarca Romano.

O "Marfim", elemento constituinte dos dentes dos animais, foi considerado na antiguidade um material nobre, sendo utilizado na confecção de adornos e ornamentos, tanto para casa como para templos. Muitas vezes era associado às gemas preciosas e ao ouro, como na construção da estátua da deusa Atenas, pelo escultor Fídias, depositada no interior do templo grego Pártenon. Temos também relatos da confecção do Trono do Rei Salomão, em ouro e marfim, uma alusão ao poder material e espiritual do monarca. Esta ideia de poder, pureza e sabedoria, atribuída ao marfim, possui procedência em sua fonte primária, as presas de elefante, animal considerado de grande força e inteligência. Na maçonaria, a "Chave de Marfim" é um símbolo relacionado à capacidade de se controlar a "consciência". Através da "pureza" do marfim, acessaremos os portais da mente, abrindo seus mistérios com a "chave de marfim".

Por fim, nos lembremos do "silêncio", aquele que nos oportuniza 
meditarmos sobre o que realmente somos.

LETRA Z:

A letra "Z" está associada à P.'.P.'., havendo grande controvérsia sobre sua real pronúncia e seu significado. Sabemos que a letra Z é proveniente da letra hebraica Zain, que está associada ao número 7, número do mestrado, mas o seu significado varia segundo a procedência do ritual. 

Nos rituais de origem francesa e portuguesa, tem por sentido "Esplendor", uma alusão ao Criador e à sua Luz, capaz de criar todas as formas e Iluminar o Templo Interior do Mestre Secreto, sua consciência. Nos rituais de origem castelhana, está associada ao sentido de "Flor". Trata-se de uma alegoria ao processo de criação da natureza, onde a flor antecede o fruto, assim como o Grau de Mestre Secreto antecede todos os demais Graus Filosóficos. Por último, nos rituais mais antigos e nos rituais americanos, representa a "Balaustrada", ou seja, a divisão física que separa a Câmara Secreta em duas partes, o Sancto e o Sancto Sanctorium. 
Faz sentido se tomarmos a Balaustrada como um símbolo da "Razão", ou seja, o elemento mental que protege a consciência (o Sancto Sanctorium) da ação desenfreada das emoções. Observamos desta forma, a importância deste símbolo para a compreensão da moral relacionada ao Grau de Mestre Secreto. Temos o compromisso de conhecer seus atributos simbólicos, porém, sabemos que, em nossa pátria, o significado mais utilizado é o de "Explendor", não sendo necessariamente o único. Cabe a cada Mestre Secreto buscar em si um sentido para a "Letra Z", o que se torna uma tarefa altamente pessoal.

INTERPRETAÇÃO DO GRAU 4:

No Terceiro Grau do simbolismo maçônico, somos convidados a contemplar a face espiritual da Ordem. Independente do Rito praticado, o Grau de Mestre Maçom pugna pela “Exaltação do Espírito sobre a Matéria”. Esta visão esotérica, filosófica, iniciática e espiritualista estará presente em toda jornada do Mestre através dos Graus subsequentes. Um segundo elemento agregado ao mestrado é a “Lenda de Hiram Abiff”, Mestre Arquiteto que fora assassinado durante a construção do Templo do Rei Salomão, passando a se constituir no personagem central da ritualística do Terceiro Grau.

Os trabalhos na Câmara Secreta, no Quarto Grau, passarão em um ambiente de luto, de tristeza e de dor. Com a morte do Mestre Hiram, perde-se a Palavra Sagrada. Agora, a nobre missão do maçom, através dos Graus de Perfeição, será a busca pela Palavra Perdida. Hiram morto é um símbolo da “mente humana escravizada. Escrava das ilusões, dos vícios e, principalmente, da matéria. O Ritual do Grau 4 nos diz: “cabe a maçonaria a missão de libertá-lo”. Mas como? Exaltando o espírito sobre a matéria! Esta é a máxima do verdadeiro Mestre, a busca incondicional do seu aprimoramento moral. Assim, somos convidados a desenvolver as virtudes que nos dignificam como verdadeiro maçons. Como nos é dito: “A primeira obrigação que ides contrair é o sentimento profundo de Dever, por que o dever é a fonte de todas as energias e a única arma cuja têmpera não falha”.

Todo cidadão possui direitos e deveres. É bem verdade que sobre nossos direitos, poucos os conhecem a fundo, porém, sobre os deveres, parecem ser bem claros. Dever para com a Pátria, dever para com os nossos semelhantes e, acima de tudo, dever para com Deus. Gostaria ainda de acrescentar os deveres para com nós mesmos. Quando nos Elevamos ao Grau 4, somos chamados a desenvolver a virtude do “Dever” e da “Fidelidade”. Estas duas qualidades se fazem muito claras no Juramento do Grau.

Devemos cumprir a rigor as “Leis Humanas”, não deixando também de nos ater às “Leis da Consciência”. Mesmo que uma pequena atitude passe desapercebida aos olhos da justiça terrena, não passará incólume ao tribunal maior da consciência. A cada ação caberá uma reação, em iguais proporções. Assim, devemos agir com o máximo de atenção e equilíbrio, produzindo ações sinceras e revestidas de total transparência. Não importa o que façamos, sempre devemos fazê-lo da melhor forma possível. O dever transcende, em nós maçons, todos os convenci-onalismos, tornando-se uma imposição ao processo evolutivo, ao erguimento do Templo Interior.

O “dever” também nos lembra uma virtude algo esquecida nos dias de hoje, a “Honestidade”. Observamos, impotentes, a sociedade romper com os antigos pilares da família, da moral, da ética e da espiritualidade. O mundo capitalista, visando o lucro ilimitado, corrompe as leis da consciência, buscando resultados exponenciais, independente das conseqüências. Parece que voltamos ao velho jargão, “os princípios justificam os meios”. Também nos corrompemos. Muitas vezes, revestindo-nos de inocente semblante, trocamos comentários irrefletidos sobre terceiros, gerando uma carga de energia deletéria em torno de nós e daqueles que nos cercam. Sem falar das inúmeras vezes em que, por orgulho ou mesquinharias, acabamos por criar situações desalentadoras no próprio seio da maçonaria, demonstrando uma total falta de honestidade para com os preceitos da Ordem, a superação dos nossos vícios, dentre eles, a vaidade.

Também aprendemos neste Grau a importância de nos "silenciarmos". O silêncio nos oportunizada a busca da paz interior, capaz de abrir ao homem o conhecimento de si mesmo. Através do silêncio e da autoanálise, podemos nos conhecer, identificar nossos vícios, nossas fraquezas e também nossas virtudes. Silenciar é oportunizar o autoconhecimento. Também é um sinônimo de prudência e sabedoria, pois antes de lançarmos palavras ao vento, deveríamos fazer uma rápida análise de suas conseqüências. A cada ação, inevitavelmente, caberá uma reação, em iguais proporções. Assim, devemos, ante de tudo, silenciar nossa mente para atingirmos o verdadeiro estado de equilíbrio. Silenciando nossos pensamentos, apaziguando nossa mente, haveremos de conseguir o ambiente necessário para busca do que realmente somos. O artífice que idealiza com antecedência sua obra, estará seguro dos seus resultados. No processo evolutivo no qual o maçom está inserido, uma profunda análise da consciência será imperativa para sua ascendência evolutiva. Apenas nos conhecendo é que haveremos de “erguer muralhas aos vícios e templos às virtudes”.

Porém, o autoconhecimento implica uma virtude final, a “humildade”. Sem esta amiga fiel, não aceitaríamos nossos erros, e acabaríamos por nos ludibriar nas ilusões da matéria. Como meditarmos em profundidade sobre os nossos mais recôncavos deslizes morais se não através da eterna humildade? Cabe aqui um lembrete aos Mestres Secretos: sejais humilde! Sempre!

Por último, ressaltamos o propósito maior do Grau, o dever de irradiar a Luz do Grande Arquiteto do Universo. Este Grau nos lembra, através dos seus símbolos, o pacto firmado para com Deus. A Arca da Aliança, as Tábuas da Lei, a Urna de Maná, a Vara de Aarão, a Mesa dos Pães da Preposição, todos estes elementos formam um testemunho vivo deste Juramento. A Luz do Menorah e do Delta confirmam tal compromisso. Assim, assumimos, ao sermos Sagrados Mestres Secretos, a incumbência de disseminarmos a Luz do Criador entre todos os povos.


Cumpramos o dever de sermos fraternos e caridosos. 
Assim, nos tornaremos especiais, doando o que de melhor possuímos, 
nosso amor incondicional ao próximo.


TEXTO
Leonardo Lima Simões





13 comentários:

  1. `A beleza representada neste trabalho mensura o grau de estudos do irmão que o fez. Isto é que faz a instituição ser de um alicecer forte e sem rupturas'

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  2. Apenas dizer parabens...justo e perfeito

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  3. Apenas dizer parabens...justo e perfeito

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  4. Informações precisas, perfeitas e esclarecedoras.

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  5. Estarei fazendo minha iniciação neste grau, a leitura me trouxe reflexões importantes. Material muito bom

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  6. Muito esclarecedor obrigado amado irmao

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  7. Parabéns pelo bom desenvolvimento, esclarecedor, méritos digno ao esclarecimento exercido por quem tem profundo conhecimento do assuntos... excelente trabalho...sinto prazer na leitura destez conteudos, desejo um dia fazer parte de uma loja, muito bons os ensinamentos. Parabéns!

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  8. parabens ao querido Irmão pela qualidade e profundidade filosófica deste lindo trabalho maçônico.

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  9. iniciei o grau 4 na minha loja liberdade VII qualquer duvida o meu sim é 308173 gostaria muito de receber as vossas publicações TFA

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  10. Excelente estudo. Profundo, objetivo e esclarecedor.

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